sábado, 29 de dezembro de 2007

Gramática da Espiritualidade!
















"A partir do século XVI, vemos que a separação entre a Teologia e a vida espiritual e devocional ganha corpo, à medida que se torna cada vez mais subdividida. O Iluminismo gerou um novo tipo de teólogo: aquele que nunca orou porque, para ser teólogo, bastava dominar as ciências da religião. O honroso título de "doutor em Teologia" necessariamente não define mais, na cultura moderna, alguém que tenha uma relação pessoal com Deus, que cultive uma espiritualidade pessoal e madura ou que "ande nos caminhos do Senhor". Para ter este título, basta ser um aluno inteligente e disciplinado, percorrer os corredores e as bibliotecas das academias, escrever teses, ensaios, monografias e demonstrar domínio da ciência teológica.

Chegamos ao fim do século XX com um sentimento de fracasso, vazio, descrença e desilusão. Nossos avanços sistemáticos na Teologia foram grandes e de uma enorme contribuição para a Igreja e a fé cristã. No entanto, falhamos na construção de uma gramática que estabelecesse uma relação real entre o que professamos crer e a vida. A gramática teológica, para muitos, é diferente da gramática da vida. A crise espiritual é fruto da ausência de gramática. Da mesma forma como precisamos de uma gramática para dar sentido à linguagem, precisamos de uma gramática que dê sentido à fé.

Conhecer a Deus implica "amá-lo de todo coração, alma e entendimento". Isto envolve a totalidade da vida, mente e coração em comunhão pessoal com Deus, e significa que o conhecimento não pode ser divorciado do relacionamento, nem a Teologia pode caminhar sem a oração. O apóstolo Paulo nos diz que a sã doutrina é importante, não para nos dar títulos ou temas para teses, mas para nos tornar sábios para a salvação."

Ricardo Barbosa, em O melhor da teologia brasileira, cap. 01, ps. 16-17, Mundo Cristão, 2005.

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